Sobre mim

"Dreams don't work unless you do"
Olá, o meu nome é Micaela Lima e tenho 48 anos.
Sou casada e tenho 2 filhas.
Estive desempregada durante 5 anos, entre 2015 e 2020 e foi muito difícil conseguir arranjar trabalho.Cada vez mais as empresas exigem trabalhadores com habilitações e formação em diversas áreas e como tal no mundo do trabalho existe uma grande competitividade.Eu tinha o 9º ano do ensino básico e nas diversas ofertas de trabalho que lia em jornais ou pesquisas na internet, quase sempre exigiam o 12ºano ou formação em alguma área específica.
Para me valorizar a nível pessoal e também a nível profissional, resolvi concluir o 12º ano, através do processo RVCC, que teve inicio em setembro de 2017.
O objetivo nesse processo foi demonstrar as minhas competências e aprendizagens ao longo da minha vida e refletir sobre a minha experiência pessoal e profissional, para mostrar um pouco da criança que fui e da mulher que sou hoje.
Esse foi um trabalho que realizei com muito esforço e dedicação, através de várias pesquisas, onde resumi as minhas diferentes etapas e passei-as para o papel de maneira a transmitir tudo aquilo que foi necessário...Sempre dei o meu melhor e também tive o apoio do meu orientador e professores, nas diversas áreas, ao longo de todo o processo, que foi uma preciosa ajuda. Consegui finalmente concluir o 12º ano e recebi o certificado em dezembro de 2018, com muito orgulho.
Entretanto surgiu a oportunidade de fazer um curso profissional e para complementar a minha formação decidi inscrever-me numa área que sempre gostei, trabalhar com crianças. O curso foi Técnica de Ação Educativa, que teve a duração de um ano, aproximadamente.
O curso de Técnica de Ação Educativa é um curso muito completo, onde aprendi muito nas aulas teóricas, mas adorei as aulas práticas. O ambiente das aulas foi muito bom entre colegas e formadores e realizamos trabalhos fantásticos em grupo e também individuais, para trabalhar com as crianças.
Micaela Lima

A Emigração
Os meus pais são portugueses e foram emigrantes na Alemanha.
A minha mãe, Maria da Luz nasceu em Braga e emigrou em 1969 com os meus avós maternos, Alopídio e Sofia,que viviam na freguesia de Maximinos em Braga.
O meu pai João Avelino nasceu em Caldelas e emigrou também em 1969 para a Alemanha.
Vivia em Braga, com os meus avós paternos, na Freguesia de S. João do Souto, João e Emília.O meu avô Alopídio foi mais cedo para a Alemanha no ano de 1968, para depois poder levar a família.
Teve que ir à frente para organizar tudo, como arranjar casa e trabalho, para depois poder enviar a "Carta de chamada".
Era um documento obrigatório para poder permanecer no país de acolhimento em que o meu avô se responsabilizava pelo sustento da família, proteção e possível repatriação se caso necessário.
A repatriação é o regresso voluntário ao seu país de origem, a sua pátria.
Em 1969, Portugal atravessava uma grande crise financeira e os meus avós maternos emigraram à procura de melhores condições de vida e melhores salários porque a família era grande e era muito difícil criar os filhos.
Depois da II Guerra Mundial, a Alemanha era um dos países que precisava de se reerguer economicamente.
Necessitava de mão-de-obra estrangeira para a reconstrução do país.Na década de sessenta até à década de setenta, aumentou muito a chegada de portugueses à Alemanha, a isto chama-se Emigração que significa a saída de pessoas do país de origem para irem viver e trabalhar para outro país.
Temos também a Imigração que significa a entrada de pessoas, em outro país.
O imigrante é visto do ponto de vista do país que o acolheu, portanto os emigrantes portugueses ao serem recebidos na Alemanha são imigrantes, pois é o país acolhedor.
A Migração é o deslocamento de pessoas dentro de um espaço geográfico, de forma temporária ou permanente. Exemplo: Se eu fosse viver para Lisboa migrava de Braga para Lisboa.
A Alemanha foi o país de destino para muitos portugueses que encontraram trabalho em vários setores, tais como, no sector industrial, no sector terciário (saúde, higiene, limpeza, etc.) nos transportes e comunicações e também um pouco na agricultura.O meu pai trabalhou no setor industrial, numa fábrica metalúrgica e a minha mãe foi trabalhar num hospital onde ajudava as freiras no que fosse necessário, realizava várias tarefas.Quando os meus pais chegaram à Alemanha, foi muito complicada a adaptação, principalmente na língua, que era bastante difícil. Começaram por aprender as palavras mais usuais, como por exemplo "Bom dia" ("Guten morgen") ou "Adeus"("auf wiedersehen"). O vocabulário alemão é muito diferente do português, algumas letras ou a junção de letras lê-se de maneira diferente, por exemplo, os números 1,2,3 em alemão ("ein zwei drei") e lê-se ("ain zvai drrai"), é muito complicado. O meu pai teve mais dificuldade com a língua, a minha mãe também, mas adaptou-se melhor.Na Alemanha a moeda oficial era o marco alemão, também diferente do escudo.As casas tinham boas condições, uma delas era o aquecimento. No inverno, devido ao frio, as temperaturas são muito baixas e como neva muito, comparando com o nosso país, é muito diferente.
Penso que a realidade não é assim tão dura para todos os emigrantes na atualidade, no passado terá sido bem mais duro.
Hoje são três horas de Hamburg a Lisboa e pode custar em média 25 euros.
Temos o Skype, a Internet, telefonemas internacionais a custo reduzido.
Hoje antes de emigrar já vimos mais do mundo, do que os nossos emigrantes de há 40 anos atrás.
E muitos desses tem agora dois lares, nem todos voltaram para sempre para Portugal.
Lar é onde o nosso coração está e para muitos isso é também na França, na Alemanha, na Suíça onde estão os filhos, os netos.
Claro, o nosso país será sempre o nosso primeiro lar, mas nem sempre o único. O irmão mais velho da minha mãe, foi o único que por lá ficou e os filhos também já casaram na Alemanha.Quando saímos do nosso cantinho para um lugar desconhecido é sempre começar de novo e onde muitas situações novas têm que ser ultrapassadas com muito esforço.
O meu pai emigrou em 1970 para a Alemanha, tinha acabado de chegar da guerra em Angola entre 1967 e Setembro de 1970.O meu pai conta muitas histórias da guerra colonial portuguesa, esteve em Luanda e sofreu pela situação em si, apesar que quando conseguia enviar uma carta para os meus avós, dizia sempre que estava tudo bem.Viu muitos colegas morrer, outros ficaram feridos e o meu pai também chegou a levar um tiro num braço, mas no meio do azar teve muita sorte porque não ficou com mazelas.Além do meu pai, também estiveram na guerra tios meus e para a família esta foi uma situação muito complicada de gerir, porque era uma sensação de impotência, pois a qualquer momento poderia chegar uma má notícia.
Nos dias de hoje, apesar do mundo estar em constante mudança e muita coisa ter melhorado a nível mundial, o facto é que ainda existem em muitas zonas do planeta, muitas guerras e conflitos.Existem hoje outras ameaças como o terrorismo, que infelizmente tem tido diversos episódios e repercussões em todo o mundo.Por muito que se queira desvalorizar e seguir em frente, quando se perdem vidas humanas de uma maneira tão cruel e desumana, não há nada nem ninguém que possa remediar estes crimes.Quando vemos uma notícia na televisão é chocante, mas por muito que se possaimaginar, a realidade é com certeza bem pior.
O meu nascimento
Em 1971, em Hamburgo, Alemanha, os meus pais casaram e viviam numa casa pequena, que o patrão do meu pai lhe arranjou.
Eu nasci na cidade de Hamburgo, na Alemanha, no dia 07 de março de 1972, às15:00h. A minha nacionalidade é portuguesa, apesar de eu ter nascido na Alemanha, pois os meus pais são portugueses.
"A nacionalidade originária, que produz efeitos desde a data do nascimento (artigo11.º da Lei da Nacionalidade), pode ser atribuída:Aos filhos de mãe portuguesa ou de pai português, nascidos no estrangeiro que inscrevam o seu nascimento no registo civil português ou declarem que querem ser portugueses - artigo 1.º, n.º 1 alínea c) da Lei da Nacionalidade e artigo 8º doRegulamento da Nacionalidade." 1
Com as coisas a melhorar no trabalho, os meus pais arranjaram uma casa com melhores condições, principalmente com mais conforto.Quando eu tinha 2 meses a minha mãe engravidou novamente. Com uma bebé pequena e outro bebé a caminho, era mais complicado poder trabalhar ou tinha que optar pelo infantário. A minha irmã nasceu a 27 de janeiro de 1973, a Sandra, e eu tinha 9 meses. Passaram seis meses, eu já tinha quase um ano e meio e os meus pais chegaram à conclusão que com duas filhas pequenas era complicado trabalhar e juntar dinheiro. A decisão mais difícil que tiveram que fazer foi trazer-nos a Portugal para ficarmos com a nossa avó paterna, a avó Emília.A minha avó materna, a avó Sofia, ainda disse para não o fazerem e pensarem melhor, que tudo se havia de arranjar, mas a decisão já estava tomada, pois a minha avó Sofia também estava a trabalhar e na altura não podia ficar com as netinhas.
1 https://www.portaldascomunidades.mne.pt/pt/servicosconsulares/nacionalidade
Rua de Janes
Este é o lugar onde eu vivi na minha infância e onde fui muito feliz...
Tenho muitas e boas recordações da casa da minha Avó Emília...a pessoa que cuidou de mim com todo o amor e carinho e que em grande parte, contribuiu muito na mulher que sou hoje.
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